segunda-feira, 16 de julho de 2012

O elogio da coragem!

Caros amigos da Confraria da Feira! Nestes dias em que a mentira anda de mãos dadas com o Governo e com a mídia, em que, para salvar um único banco privado (Votorantim), se gasta mais dinheiro do povo do que com todas as obras da expansão universitária no Brasil, em que se gastam 46% de todos os impostos que pagamos para alimentar a roda infinita dos juros sobre juros da banca privada, os versos de Eduardo Alves da Costa, em homenagem a coragem do grande poeta soviético Wladimir Maiakovski, nos convidam à reflexão e nos chamam para colocar fogo nos nossos corações, erguermos nossa voz e clamarmos:  AUDITORIA JÁ!  Pelo fim da exploração insana e suicida do sistema financeiro mundial!

http://midialee.files.wordpress.com/2009/12/maiakovski-1921-world-stands-on-vulcan-the-window-of-glavpolitsovet.jpg?w=540

No Caminho, com Maiakóvski
Eduardo Alves da Costa

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.



Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.



Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.



Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.



Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.



E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

De rios e sangue

Dias explosivos
de greves,
protestos
e rebeliões!

Cine greve,
passeatas,
praça pública
e reuniões!

Não é tempo
do grito contido,
da lágrima represada,
do som dos grilhões!

Agora é o tempo do sonho,
do chorar juntos!
Correnteza forte,
extravazamentos,
inundações!

Tempo do sangue quente,
da palavra sentida,
do amor pela vida,
do olhar em frente!

Um só povo!
Um só coração!

Rafael Cabral Cruz, 09/07/2012. Em Greve!


Carta de solidariedade vinda da Califórnia

Emocionante recebermos esta carta em solidariedade pela luta pela qualidade da educação pública! O movimento contra as diretrizes do Banco Mundial pela privatização e transformação da educação em mercadoria não é somente dos docentes brasileiros em greve, mas uma luta histórica cada vez mais globalizada (o outro lado da globalização)!


First Statewide Student Union Conference
Santa Monica, California, United States
May 19th, 2012

Letter of Solidarity With The Striking Professors of Brazil's Federal Universities 

On Thursday, May 17th, professors at 34 Federal Universities across Brazil went out on strike in 
defense of the right to high quality public education. 

Today in California, students from across all the levels of public higher education are meeting to 
discuss the formation of a Student Union to give organizational form to our unity in the struggle against 
the defunding, privatization and re-segregation of our public educational systems. 

We would like to take this occasion to extend our full solidarity with you, the professors of Brazil, 
and to tell you that you are not alone in this fight. The attacks on education are being enacted on an 
international scale. And even here, in one of the countries with the most advanced neo-liberal project for 
education, we students are organizing resistance. 

Here in the United States, educators' unions are under constant attack. But as students we see 
clearly the value of workers' organizations because our professors' working conditions are our learning 
conditions. And your struggle is also our own! 

Uma só luta! 

Signed by individual students, faculty, and staff from the following educational institutions in 
California: 

Kindergarten – 12th Grade: California State University System: 
Santa Monica High School California State University - Los Angeles 
Los Angeles Unified School District San Francisco State University 
California State Polytechnic University - Pomona 
California Community College System: San Diego State University 
Santa Monica College California State University- Northridge 
Los Angeles City College California State University - Long Beach 
Pasadena City College California State University - Dominguez Hills 
City College of San Francisco 
Berkeley City College University of California System: 
El Camino College University of California - Los Angeles 
Los Angeles Valley College University of California - Berkeley 
Downey Career College University of California - Santa Cruz 
Compton Community College University of California - Irvine 
Long Beach City College 
Palomar Community College Private Schools: 
Whittier College 
Colorado College 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Poesias docentes 2!

A poetisa Joyce Lima Krischke, na sua obra "A Volta da Lu@ Azul", editado pela Alcance em sua segunda edição em 2007, dedicou um poema à docência.

PROFESSORA: SEMPRE PROFESSORA!

Professora? Sim, sou professora!
Sempre serei uma professora.
Sou aquela que muito usou o giz.
Professora que da vida  é aprendiz.

Professora do B, A, BA...Do um mais um,
Professora que estudou aluno...um a um.
Professora que viu seu aluno prefeito
embora seu estudo não tenha sido perfeito.

Professora da professora de seu filho,
Cuja missão é dar luzes e não brilho.
Professora que, da escola, até o chão lavou
E de muitos alunos as suas feridas tratou.

Professora da ciranda, cirandinha...
Professora da menina em desalinho.
Professora que muito segredo guarda...
Professora...ouviu muito e ficou calada.

Professora da primavera e do verão
Professora sempre em qualquer estação
Professora da pequena escola do interior
Professora do universitário "enfrentador".

Professora da diretora e da supervisora.
Sim, sou professora... Já fui até inspetora!
Vivenciei todos os papéis no magistério,
Descobrindo da vida algum mistério...

Professora... Ser professora sempre eu quis!
Professora do lápis, da borracha e do giz,
Professora da caneta, da prova vestibular,
Conjugando, dia após dia, o verbo amar!

Poesias docentes!

Na sequência, belo conjunto de versos da grande poetisa chilena Gabriela Mistral, publicado na sua "Antología de Poesía y Prosa", Ed. Fondo de Cultura Económica, 2 ed., 2007, páginas 305-308.



Pensamientos pedagógicos de Gabriela Mistral

Para las que enseñamos

1. Todo para la escuela; muy poco para nosotras mismas.
2. Enseñar siempre en el patio y en la calle como en la sala de clase. Enseñar con la actitud, el gesto, y la palabra.
3. Vivir las teorías hermosas. Vivir la bondad, la actividad y la honradez profesional.
4. Amenizar la enseñanza con la hermosa palabra, con la anécdota oportuna y la relación de cada conocimiento con la vida.
5. Hacer innecesaria la vigilancia de la jefe. En aquella a quien no se vigila, se confía.
6. Hacerse necesaria, volverse indispensable: esa es la manera de conseguir estabilidad en un empleo.
7. Empecemos, las que enseñamos, por no acudir a los medios espurios para ascender. La carta de recomendación, oficial o no oficial, casi siempre es la muleta para el que no camina bien.
8. Si no realizamos la igualdad y la cultura dentro de la escuela ¿dónde podrán exigirse estas cosas?
9. La maestra que no lee tiene que ser mala maestra: ha rebajado su profesión al mecanismo de oficio, al no renovarse espiritualmente.
10. Cada repetición de la orden de un jefe, por bondadosa que sea, es la amonestación y la constancia de una falta.
11. Más puede enseñar un analfabeto que un ser sin honradez, sin equidad.
12. Hay que merecer el empleo cada día. No bastan los aciertos ni la actividad ocasionales.
13. Todos los vicios y la mezquindad de un pueblo son vicios de sus maestros.
14. No hay más aristocracia, dentro de un personal, que la aristocracia de la cultura, o sea de los capaces.
15. Para corregir no hay que temer. El peor maestro es el maestro con miedo.
16. Todo puede decirse, pero hay que dar con la forma. La más acre reprimenda puede hacerse sin deprimir ni envenenar un alma.
17. La enseñanza de los niños es tal vez la forma más alta de buscar a Dios; pero es también la más terrible en sentido de la tremenda responsabilidad.
18. Lo grotesco proporciona una alegría innoble. Hay que evitarlo en los niños.
19. Hay que eliminar de las fiestas escolares todo lo chabacano.
20. Es una vergüenza que hayan penetrado en la escuela el couplet y la danza grotesca.
21. La nobleza de la enseñanza comienza en la clase atenta y comprende el canto exaltador en sentido espiritual, la danza antigua – gracia y decoro-, la charla sin crueldad y el traje simple y correcto.
22. Tan peligroso es que la maestra superficial charle con la alumna, como es hermoso que esté a su lado siempre la maestra que tiene algo que enseñar fuera de clase.
23. Las parábolas de Jesús son el eterno modelo de enseñanza: usar la imagen, ser sencilla y dar bajo apariencia el pensamiento más hondo.
24. Es un vacío intolerable el de la instrucción que antes de dar conocimientos, no enseña métodos para estudiar.
25. Como todo no es posible retenerlo, hay que hacer que la alumna seleccione y sepa distinguir entre la médula de un trozo y el detalle útil pero no indispensable.
26. Como los niños no son mercancías, es vergonzoso regatear el tiempo en la escuela. Nos mandan instruir por horas y educar siempre. Luego, pertenecemos a la escuela en todo momento que ella nos necesite.
27. El amor a las niñas enseña más caminos a la que enseña que la pedagogía.
28. Estudiamos sin amor y aplicamos sin amor las máximas y aforismos de Pestalozzi y Froebel, esas almas tan tiernas, y por eso no alcanzamos lo que alcanzaron ellos.
29. No es nocivo comentar la vida con las alumnas, cuando el comentario critica sin emponzoñar, alaba sin pasión y tiene intención edificadora.
30. La vanidad es el peor vicio de una maestra, porque la que se cree perfecta se ha cerrado, en verdad, todos los caminos hacia la perfección
31. Nada es más difícil que medir en una clase hasta dónde llegan la amenidad y la alegría y dónde comienza la charlatanería y el desorden.
32. En el progreso o el desprestigio de un colegio todos tenemos parte.


33. ¿Cuántas almas ha envenenado o ha dejado confusas o empequeñecidas para siempre una maestra durante su vida?
34. Los dedos del modelador deben ser a la vez firmes, suaves, amorosos.
35. Todo esfuerzo que no es sostenido se pierde.
36. La maestra que no respeta su mismo horario y lo altera sólo para su comodidad personal, enseña con eso el desorden y la falta de seriedad.
37. La escuela no puede tolerar las modas sin decencia.
38. El deber más elemental de la mujer que enseña es el decoro en su vestido. Tan vergonzosa como la falta de aseo es la falta de seriedad en su exterior.
39. No hay sobre el mundo nada tan bello como la conquista de almas.
40. Existen dulzuras que no son sino debilidades.
41. El buen sembrador siembra cantando.
42. Toda lección es susceptible de belleza.
43. Es preciso no considerar la escuela como casa de una, sino de todas.
44. Hay derecho a la crítica, pero después de haber hecho con éxito lo que se critica.
45. Todo mérito se salva. La humanidad no está hecha de ciegos y ninguna injusticia persiste.
46. Nada es más triste que el que la alumna compruebe que su clase equivale a su texto.

Pela Greve, Pela Educação

Caros amigos da Confraria da Feira!

Já são 48 Instituições Federais de Ensino Superior em greve docente no Brasil! Diante da situação crônica de desvalorização da carreira docente no Brasil, fiz alguns versos para a mobilização dos companheiros e resolvi publicar aqui na Confraria. Na sequência vou publicar algumas poesias que versam sobre o tema docência.

Saudações poéticas!


Pela Greve, Pela Educação


                                    Rafael Cabral Cruz
                                    São Gabriel, 26 de maio de 2012.


Se existisse outra vida,
Em outra dimensão,
Certamente,
Sem dúvida,
De todo coração,
Seria professor!

E assim,
Cheio de amor,
Poesia e razão,
Lutaria,
Até o fim,
Pela nossa Educação!

Porque ser docente
É mais que dar aula,
Pesquisa, extensão,
É ser decente,
exemplo de vida,
cidadão!

Por isto estou em greve!
Pela qualidade da educação,
Pública e gratuita,
Pela futura geração!

Não quero
para meus netos
O professor por bico,
O que para mais nada deu!

Quero
Para meus netos
O docente apaixonado
Que na vida floresceu!