terça-feira, 25 de outubro de 2011

PALEONTOLOGIA DA VIDA

No último domingo, na V Feira do Livro de São Gabriel, estava conversando com os escritores Cláudio Moreira e Luís Artur Borges Pereira, navegando reminiscências, quando me referi ao Bar Americando, Galeria Quilombo, grupos Americando, Quatro Cantos, Santo Ofício (do qual fiz parte, junto com Eduardo e Mequinho), Basílio Conceição, Plínio, Hélio, Roseli, Harry Rosa, Thadeu Gomes e tantos outros músicos daquela época (primeira metade da década de 80 em Pelotas) e disse que hoje eu era um ex-músico. Luís me interrompeu e disse que não existe ex-músico. Prontamente, respondi dizendo que existiam fósseis de músicos dentro de mim....

PALEONTOLOGIA DA VIDA

Rafael Cabral Cruz

Nossa vida é uma sucessão de momentos,
Alguns intensos, amargos ou felizes,
Outros, que nem deixam cicatrizes,
São como areias carregadas pelos ventos.

O tempo passa lento e, inexoravelmente,
Vai sedimentando fragmentos de vida...
Na turbulência, dos amores, da lida,
Vai tudo soterrando, impavidamente...

No entanto, sedimentado em mim,
Há fósseis de momentos sentidos,
Imagens de espelhos retorcidos,
Enterrados debaixo dos alecrins...

Às vezes, quando bate a saudade,
Escavo estratos de sentimentos
Na busca de vívidos fragmentos
De momentos que perdi....

Descubro, na poeira da idade,
Que de fósseis e fragmentos,
Somente novos sentimentos
Me dizem que vivi!



Um comentário:

  1. Após a metade da vida todos somos peleontólogos, procurando trazer à vida fragmentos que para nós são entes, mas para os outros são ... dentes. Fantástica inspiração.

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