segunda-feira, 13 de junho de 2011

Do acordar ao teu lado

Rafael Cabral Cruz
Para Sônia


Teu rosto amanhece límpido,
um suave caminho brilhante
feito de pele, pelos e lábios...

Me chama, senda mágica!
Sou trêmulo caminhante
atrás de teus olhos sábios...

De que vale o caminho
sem o andar do viajante?

Neste quieto carinho
feito de luzes difusas,
espero por ti,
minha musa,
namorada,
amante...

Quero,
ao teu lado,
todo céu e terra,
toda a natureza,
toda beleza,
que teu corpo
encerra...


E, então, descobrir o paraíso!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Noche

La noche se durmió entre mis sábanas,
escondiendo sollozos entre truenos.
Las primeras luces dijeron no era sueño
el motivo de la pena y del desvelo.
Y aunque vivas en mi alma,
y aunque no busque consuelo,
cada estrella dirá tu nombre
toda vez que mire el cielo.

Esporeando

Cansado de fazer sombra
Sempre no mesmo lugar
Encilhei o meu tordilho
E saí do Uruguai

O xergao, carona e basto,
Judiados das camperiadas,
Os pelegos meia la,
E as cordas bem engraxadas.

Vou cambiar o meu destino,
Levo comigo as lembranças
E uma mala de garupa
Carregada de esperanças.

Se foi o tempo de farra,
Agora é uma vida nova;
Tenho um guri que é meu norte
E a prenda que me consola.

As estradas sao mais curtas
Se sabes pra onde vais,
Se sabes bem o que queres
E sabes que queres mais.

E se cansa o meu pingo
Ou se enfrento temporais,
Se me perco em noite escura
Ou saudoso olho pra trás

Penso na prenda e no filho,
Um sorriso invade a alma,
Cravo esporas no meu pingo
E continuo a minha jornada.

domingo, 5 de junho de 2011

Sentinela das Águas

O ronco dos bugios
contraponteia o Uruguai...

Roncador,
rio que canta e cai
entre rochas e sarandis!

E ali,
entre rochas e águas,
amores e ardis,
paira, vigilante,
o casal de quero-quero...

.....................

Ou será tero-tero?....

quinta-feira, 2 de junho de 2011

LÍNGUA MORTA ?


O falar tupi-guarani vive entre nós.




Na TAPERA do CAIBOATÉ, o CAIPIRA BAGUAL, no CAFUNDÓ do BATOVI, CAPINOU a CAPOEIRA do CAPÃO,  com muita TAQUARA, BUTIÁ e ARAÇÁ, além do CAPIM. 

Nessa BIBOCA, perto da SANGA do JACARÉ, o CABOCLO plantou GOIABA,  MANDIOCA, AIPIM,  PIPOCA e AMENDOIM.

O PIÁ, seu filho CAÇULA, após curado da CACHUMBA e CATAPORA, fugiu até a SANGA , no PANGARÉ, de nome TUPÃ. Mergulhou e ficou de TOCAIA, oculto pela CANOA,  até o pai se afastar.

Ao sair do AGUAPÉ, na lama cheia de MINHOCA, com a CARAPINHA molhada, afugentou  CAPIVARA, URUBU e um TUCANO, que pousara em um pé de ARATICUM. Montou sua ARAPUCA para pombas, pois era essa sua missão do dia.

Enquanto esperava, o PIÁ , na velha PAINEIRA, cheia de SAMAMBAIA, CIPÓ  e  CATURRITA CARIJÓ, foi colher mel de MIRIM, mas lhe atacou um enxame de MARIMBONDO saído dos galhos de um INGÁ. Correu rápido para a mata de AROEIRA, PITANGA, MATE,  CAÚNA, GUAJUVIRA, CATIGUÁ, GUAMIRIM, CABROÉ,  CAMBOATÁ,  AGUAÍ, CAMBARÁ,  COPOROROCA,  GUABIJU  e  JERIVÁ. 

Correndo, tropeçou em um CUPIM, acordando um GAMBÁ que descansava sob um ABACAXI-ANANÁ, coberto por uma trepadeira de CUMBUCAS, CUIAS que os índios utilizavam para beber água.

Entardecia. Ele precisava voltar com sua caça. Depois de atravessar a cavalo a sanga do PIRAÍ e o rio JAGUARI,  o menino chegou de volta à TAPERA, coberto de PEREBA.  Foi ajudar  o pai, seu XARÁ, que estava construindo, em MUTIRÃO, uma casa de torrão.

Depois do banho no VACACAÍ, sua mãe o esperava com um quentinho PIRÃO doce de CANJICA. Saboreado o MINGAU, dormiu ao embalo de um materno e sonolento CAFUNÉ.


As palavras grafadas em maiúsculo, têm sua origem no tronco linguístico tupi-guarani.



Monumento aos últimos charruas, nômades do Pampa Gaúcho e Uruguaio.

-Declarado Monumento Histórico Nacional do Uruguai
-Realizado por Edmundo Pratti, Gervasio Furest Muñoz y Enrique Lussich, 1938.
-Localizado no Prado de Montevidéu. Homenageia o povo charrua após ser dizimado na "Matanza de Salsipuedes", em 11/04/1831.

-São representados os caciques  Vaimaca, Tacuabé, Senaqué y Guyunusa



Autor: Ronaldo Machado da Fontoura, 2/06/2011




y'BAKACAAI




Das minas graníticas de Babaraquá,
se estendem os primeiros fios de cristal,
levando  luz  entre aromas das canelas,
alimentando nuvens de penas. Escamas.

No degrau aos sedimentos, a lentidão
flutua buquês estrelados da guajuvira,
mergulhados das copas de chumbo.
Ao calor das pedras , peixes insaciados
vêm ao sabor das azeitonas do tarumã,
obelisco no negro encharcado do solo.

Ilhas acorrentam correntes acorrentadas,
amarradas aos novelos de sarandis ...
e a já fina lâmina atravessa a cidade.

Surdos ouvem gritos do espancado,
estuprado pelas  adiadas ações,
afogando liberdade às torrentes.

Mas galopam os aromas rosados,
vapores inundados do açoita cavalo,
ladeados pelos dragões dos jerivás.

A água, curvas macias de pele morena,
sua sangas de sensualidade  avermelhada,
das doces cerejas do guamirim noturno.

Encalham nas florestas derrubadas,
os barcos que buscavam o dourado
fugitivo, a coruja que voou do cabroé.

...e  águas virão,  após esta cegueira,
trazer as sementes mágicas do  aguaí
plantadas em casal,  nas curvas do rio,
esperma e fruto do triunfo da vida.



Rio Vacacaí - São Gabriel


Texto e foto: Ronaldo Machado da Fontoura, 2/06/2011